sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Capítulo 3 “Adeus?”

Capítulo 3
“Adeus?”

Naquele dia sentia que o mundo estava de pernas para o ar. Jack não tinha vindo às aulas depois daquele dia, nunca mais o tinha visto. Já tinha tentado ir ter com ele a sua casa, mas não tive coragem. E sinceramente estava a começar a vicar muito preocupada com ele.
Os dias iam passando muito devagar, nas aulas de Física sentia um peso no meu peito, um peso sinistro que não me deixava respirar como deve de ser. Sentia uma grande vontade de o querer ao meu lado.
As pessoas passavam por mim e perguntavam-me se estava a sentir-me bem e a única coisa que eu respondia era algo do género: “Uhm”.

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– Anda lá! Queres, ou não queres vir comigo? – perguntava pela milésima vezes Susan.
– Não me apetece… – respondi sem vontade.
– Tu é que sabes, mas depois não me venhas dizer que afinal queres vir.
Estávamos a sair da aula de educação física, e Susan não parava de me perguntar se queria ir com ela a uma festa.
– Eu sei, que andas assim por causa do Jack, mas eu também não vejo o Louis à muito tempo e não ando assim como tu!
Susan já me tinha dado esse sermão milhões de milhentas vezes, por isso, fingi não ouvir, e continuei a andar na direcção do portão de saída. Afastando-me de Susan.
Mas nesse momento lá ao fundo vi uma cabeleira ruiva e uns penetrantes olhos azuis que me fizeram parar. Esfreguei as mãos nos olhos e tentei “acordar”, mas de nada valeu, eu não estava a sonhar - Jack Jonathan vinha na minha direcção!
E quando ele parou á minha frente, com o seu perfeito sorriso, senti o meu coração falhar um batimento. E pelos vistos, ele tinha reparado nisso, por isso sorriu ainda mais abertamente.
– O que fazes aqui? – disse, com um tom desnecessariamente rude.
– Vim dizer uma coisa difícil de se dizer…
Jack ao dizer isto baixou a cabeça e pôs-se a olhar para os seu pés.
– O que é?
– Eu vou-me mudar para outro pais, por questões económicas… Será provável nunca mais me voltares a ver… - proferiu com um tom de tristeza.
Fiquei em estado de choque, senti a minha boca a abrir-se lentamente, não podia depois daquelas semanas a lutar por esperança… Já não tinha mais nenhuma dela para aguentar com aquilo.
– Lamento, mas, não há a outra solução – disse ele como se tivesse lido os meus pensamentos.
– Tem que haver! Tem que haver… - sussurrei também baixando a cabeça.
E ao contrário de mim Jack começou a levantar a cabeça.
– Não, não tem. Eu não quero ter nada a ver contigo – falou ele num tom alto e frio.
– Como podes ser capaz ser assim comigo?
As minhas palavras tinha saído como um suspiro sufocado.
– O destino não acontece por acaso, sabes? Nós temos de ser separados.
" Como podes ser tão arrogante!" pensei, sentindo as lágrimas salgadas a escorrerem-me da cara e a irem parar ao chão frio.
– Não penses que eu sou arrogante, mas eu tenho mesmo de ir percebes?
– Tu lês os pensamentos? – perguntei, erguendo a cabeça de repente para encara-lo com a surpresa.
– Eu não leio, nada. – respondeu, desviando o olhar coberto de um medo, que o estava a incomodar.
O silêncio... o doce e sufocante silêncio era o que nos separava.
– Eu não sei muito sobre ti, mas sei o suficiente para perceber que temos que ser separados…
Jack já não estava com a sua expressão de medo, agora estava triste.
– Então estás a tentar dizer-me adeus? – perguntei, com receio.
Jack hesitou, fez uma pausa, suspirou, olhou para mim, mas desviou o olhar no momento seguinte, abriu a boca e voltou a fecha-la, suspirou de novo, abriu a boca mais uma vez, e saiu de lá uma única palavra:
– Sim…
Essa palavra partiu o meu coração em dois pedaços, pedaços eles que nunca puderiam ser colados de novo.
Ele virou-se de costas para mim e disse muito lentamente.
– Mas nunca te deixarei… prometo…
Antes que ele se mexesse para se ir embora, estendi a mão para agarra-lo e abri a boca:
– Amo-te!
Ele contraiu o rosto, infeliz. E sem dizer nada começou a andar na direcção do portão de saída.
Deixando-me ali só e sem vida, apenas olhando para um vulto escuro que eu amava, e que nesse momento, me estava a abandonar, mergulhada, naquelas estranhas palavras.

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